Um movimento crescente nos bastidores da política de Mato Grosso está sugerindo a indicação do presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), Eduardo Botelho (União), para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O atual presidente da ALMT, que encerra seu quarto mandato consecutivo no comando do parlamento estadual, é apontado como o favorito para ocupar a vaga do conselheiro Waldir Teis, que completou 71 anos em outubro e estaria disposto a antecipar sua aposentadoria para se dedicar à família.
Eduardo Botelho, mesmo após um terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de Cuiabá neste ano e a exclusão da próxima Mesa Diretora da Assembleia, ainda possui uma imagem consolidada no cenário político mato-grossense. A articulação para sua indicação ao TCE, caso se concretize, representaria uma forma de encerrar seu ciclo político de maneira honrosa, em reconhecimento aos serviços prestados à Assembleia Legislativa.
A possível vacância do cargo de conselheiro no TCE tem gerado movimentações intensas, com a antecipação da aposentadoria de Waldir Teis em pauta. O conselheiro, indicado ao Tribunal em 2007 com o apoio do então governador Blairo Maggi, tem um histórico controverso. Em 2020, Teis foi afastado do cargo durante a Operação Malebolge e chegou a pedir sua aposentadoria, pedido que foi negado devido à falta de documentação obrigatória. Após ser reintegrado em 2021 por decisão judicial, Teis não fez novos pedidos formais de aposentadoria, mas fontes afirmam que ele está disposto a discutir sua saída em um processo de transição.
A movimentação em torno da aposentadoria antecipada de Teis abre a possibilidade para que Botelho assuma o cargo, o que traria significativas repercussões políticas, não apenas para o Tribunal de Contas, mas também para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
A eventual saída de Botelho da Assembleia Legislativa e sua nomeação para o TCE também traria um impacto direto na composição da ALMT. Nesse cenário, o atual secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo (União), seria o indicado para ocupar a vaga deixada por Botelho. Essa movimentação agradaria a base do governo de Mauro Mendes, além de trazer uma estratégia política interessante: com Figueiredo assumindo a vaga na Assembleia, eventuais desgastes políticos envolvendo sua gestão à frente da Secretaria de Saúde, que está sob investigação da Polícia Federal por supostas irregularidades em contratos, seriam minimizados.
A troca de Botelho por Figueiredo na Assembleia seria vista como uma forma de preservar a imagem do governo estadual, garantindo que a base aliada mantenha sua força política enquanto passa por um processo de renovação na ALMT. A transição no TCE, por sua vez, não geraria rupturas significativas, já que a articulação para a vaga de Botelho se alinha com um consenso nas negociações entre aliados.
As negociações para a indicação de Eduardo Botelho ao TCE e a aposentadoria de Waldir Teis seguem em andamento e devem ser definidas nos próximos meses. A movimentação nos bastidores demonstra uma tentativa de fortalecer alianças políticas dentro do estado, ao mesmo tempo em que busca garantir uma transição sem maiores impactos na estabilidade do Legislativo e do Tribunal de Contas de Mato Grosso.