Setor florestal de MT debate novas rotas de exportação e soluções logísticas

Mato Grosso é o segundo maior produtor de madeira nativa do Brasil. Mais da metade dos municípios do Estado têm na atividade de base florestal um dos pilares de seu desenvolvimento socioeconômico.

Por: Assessoria Cipem

 Em 75 dos 142 municípios mato-grossenses foram produzidos 2,1 milhões de metros cúbicos (m3) de madeira em tora, avaliados em R$ 498,1 milhões em 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 Neste ano, as vendas dos produtos florestais locais para outros países resultaram em US$ 47,1 milhões, acumulados de janeiro a agosto, aponta o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

 Entre os dez maiores produtores municipais de madeira em tora do Estado, extraída de áreas de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), destacam-se Colniza (1º lugar com 425 mil m3), Aripuanã (2º lugar com 310 mil m3), Juara (3º lugar com 150 mil m3) e Juína (4º lugar e 145 mil m3). No cenário nacional, entre os 20 maiores fornecedores de madeira extraída das florestas nativas, os 4 municípios mato-grossenses ocupam, respectivamente, 4º, 6º, 13º e 14º lugares.

Localizado no bioma amazônico, o município de Juína é a base do Sindicato da Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste do Mato Grosso (Simno), onde foi realizada nesta quinta-feira, 26, a 8ª Reunião Ordinária da Diretoria do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem).

 Durante a reunião com os presidentes dos 8 sindicatos empresariais do setor florestal que compõem o Cipem e também da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), foram debatidas alternativas para potencializar o comércio internacional de madeira. Novas rotas portuárias foram analisadas com base em um estudo de viabilidade técnica e econômica apresentado pela Fiemt em parceria com o Cipem.

Atualmente as indústrias madeireiras de Mato Grosso enfrentam dificuldades para despachar seus produtos para o exterior devido à lentidão na liberação de contêineres carregados, decorrente do reduzido contingente de técnicos do Ibama nos portos marítimos.

 A ineficiência nos portos continua afetando as indústrias madeireiras exportadoras, mesmo após o encerramento da paralisação nacional dos servidores federais do órgão ambiental, que durou 40 dias este ano, ocasionando prejuízos aos exportadores com o acúmulo de cargas paralisadas.

 Presidente do Cipem, Ednei Blasius, também critica a cobrança de taxas portuárias durante períodos de greve. Para o presidente da Fiemt, Silvio Rangel, é necessário diversificar a logística de transporte para melhorar e acelerar o escoamento da produção mato-grossense, bem como ampliar as rotas de exportação.

 Entre os caminhos apontados pelo estudo da Fiemt, elaborado a pedido do Cipem, está a internacionalização a partir do Porto Seco de Cuiabá, encurtando o tempo de anuência com órgãos reguladores e o prazo de embarque das mercadorias.

 O escoamento via Porto Seco também possibilita 60 dias de armazenagem gratuita, mas ainda apresenta custos superiores aos da logística convencional. Outra alternativa associa o uso do Porto Seco ao transporte ferroviário em direção ao Porto de Santos, em São Paulo. 

 Terceira opção estudada é a exportação via Redex (Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação). “O estudo responde algumas perguntas, mas também nos traz alguns gargalos, como a falta de técnicos do Ibama nos portos. Diante disso, anunciamos a criação do Comitê da Crise dos Portos, em parceria com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep)”, explicou a superintendente da Fiemt, Fernanda Campos.

 Na pauta de exportação dos municípios produtores de madeira nativa de Mato Grosso, os produtos florestais se sobressaem. Em Juína, US$ 241 mil foram faturados com os embarques internacionais de madeira serrada nos 8 primeiros meses de 2024. Valor que representa 33% do saldo total das exportações do município.

 A madeira nativa é o principal produto enviado para o exterior por Colniza, com participação de 90%, agregando US$ 7,2 milhões à balança comercial municipal em 2024, até agosto. Aripuanã alcançou US$ 8,91 milhões com as vendas internacionais de madeira perfilada, que representaram 12% do saldo comercial municipal acumulado de janeiro a agosto deste ano. Exportadores de madeira serrada de Juara faturaram US$ 164 mil no mesmo período.

Reconhecimento

Durante a 8ª Reunião Ordinária da Diretoria do Cipem foram homenageados o atual presidente da Fiemt, Sílvio Rangel, e o ex-presidente da Federação, Jandir Milan.

 “São duas personalidades fundamentais para o setor de base florestal, que sempre apoiaram o desenvolvimento do segmento madeireiro do Estado”, destacou o presidente do Cipem.

 “É uma honra e uma alegria muito grandes ter recebido essa homenagem, em reconhecimento ao trabalho que a Fiemt tem feito de destravar desafios que o setor de base florestal enfrenta”, complementou Rangel. Milan, por sua vez, relembrou seu vínculo empresarial com o setor madeireiro, que começou quando ainda vivia em Santa Catarina. “Meu pai tinha uma serraria lá. Sou apaixonado pelo setor florestal, é minha origem desde criança. Me sinto honrado com essa homenagem do Cipem”, finalizou.

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