Polícia Federal deflagra Operação Sisamnes para investigar esquema de venda de sentenças e corrupção no TJMT

Da redação

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (26) a Operação Sisamnes, com o objetivo de investigar um esquema de corrupção envolvendo juízes, advogados e outros operadores do direito no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A operação foca em crimes como organização criminosa, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional, com a venda de sentenças. Entre os alvos estão os desembargadores afastados Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, além de alguns advogados que atuaram ao lado dos magistrados.

A investigação aponta que os dois desembargadores, já afastados desde agosto pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) após suspeita de venda de sentenças, estariam envolvidos em um esquema de corrupção. Neste momento, agentes da Polícia Federal realizam buscas nas residências de Moraes Filho e Ferreira Filho, além do escritório do advogado Roberto Zampieri, localizado no Bosque da Saúde, em Cuiabá. Zampieri, que foi executado em dezembro do ano passado em um contexto relacionado a disputas de terras, é apontado como um dos principais envolvidos no esquema. Também são alvos da operação os advogados Flaviano e Mauro (filho de Sebastião de Moraes Filho), além de Rodrigo, ex-assessor do desembargador.

A presidente do TJMT, Clarice Claudino, já foi informada da operação e as ordens de busca e apreensão estão sendo cumpridas nos gabinetes dos desembargadores. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também foi acionada para acompanhar as diligências envolvendo os advogados alvos da ação.

O esquema investigado pela PF envolve uma complexa rede de corrupção, onde advogados, lobistas, empresários e assessores teriam solicitado valores em troca de decisões favoráveis em processos judiciais. Além disso, investigações também apuram o vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.

Em nota, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a execução de um mandado de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão, que estão sendo cumpridos nos estados de Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal. Também foram determinadas medidas cautelares, como monitoramento eletrônico, afastamento das funções públicas de servidores e membros do Poder Judiciário, além do sequestro e arresto de bens e valores dos investigados.

O nome da operação, Sisamnes, faz referência a um episódio da mitologia persa, durante o reinado de Cambises II da Pérsia, quando um juiz chamado Sisamnes aceitou um suborno para emitir uma sentença injusta. O episódio ficou marcado como uma advertência histórica contra a corrupção judicial. A operação visa combater práticas semelhantes dentro do sistema judiciário brasileiro.

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