Cristina Cavaleiro\Da Redação
Na noite desta quinta-feira (28), a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) sediou um congresso voltado para a inclusão da comunidade surda. O evento, promovido pelo deputado estadual Wilson Santos (PSD), teve como foco central temas como os desafios no acesso à educação, a representatividade e o fortalecimento de políticas públicas inclusivas. A iniciativa contou com a participação de representantes do governo estadual, instituições de ensino superior, como a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o SESI SENAI MT, além de lideranças de associações de pessoas surdas, servidores públicos, acadêmicos e especialistas.
Em seu discurso de abertura, o deputado Wilson Santos destacou as dificuldades enfrentadas pela comunidade surda, como a exclusão e o preconceito, e a urgência em construir políticas públicas que combatam essas barreiras. “Em Mato Grosso, há mais de 10 mil registros de pessoas surdas, que enfrentam obstáculos em diversas áreas. Essas pessoas merecem acolhimento e condições adequadas para desenvolver seu intelecto. A Libras, nossa segunda língua oficial, é uma ferramenta essencial para garantir a educação e o acesso ao conhecimento”, afirmou Santos.
A defensora pública Cleide Nascimento também participou do evento, ressaltando a falta de cumprimento das legislações que garantem os direitos das pessoas surdas. Ela lembrou que a Defensoria Pública está à disposição para assegurar a efetividade desses direitos.
O professor Josué Shimabuku, do curso de Letras da UFMT, falou sobre a importância da profissão de intérprete de Libras. Apesar do reconhecimento legal, ele apontou que a profissão ainda precisa de maior valorização e formalização no mercado de trabalho. “A sociedade precisa compreender melhor o papel essencial desses profissionais na inclusão das pessoas surdas”, afirmou.
Rodrigo Guimarães de Souza, membro da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-MT, destacou como uma conquista a contratação de intérpretes de Libras em órgãos públicos como a ALMT e o Tribunal de Justiça. No entanto, ele enfatizou a necessidade de ampliar a presença desses profissionais em hospitais e outros espaços essenciais.
Lhaís Pinheiro, servidora da ALMT há sete anos, compartilhou sua experiência de atendimento a surdos no Espaço Cidadania, onde auxilia na emissão de documentos. Ela ressaltou a importância da acessibilidade no atendimento, tanto para surdos quanto para ouvintes, utilizando leitura labial e escrita.
Durante o congresso, também foram realizadas palestras sobre os desafios da inclusão educacional e a importância da representatividade da comunidade surda. A professora e mestranda Priscilla Lopes Ferreira abordou os impactos da escassez de vagas no sistema educacional para surdos, destacando que, apesar das legislações como o Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Lei 14.191/2021, ainda há muito a ser feito para garantir igualdade de oportunidades.
Francilene Machado de Almeida, mestre e doutoranda em Linguística, enfatizou a necessidade de ações para melhorar a acessibilidade, como o reconhecimento oficial das línguas de sinais, mais intérpretes e recursos visuais, além de campanhas de conscientização sobre os direitos da comunidade surda.
A professora Renata de Oliveira Garcia compartilhou sua trajetória de conquistas no campo educacional e linguístico, enquanto a professora Laura Lizardo Faria apresentou um panorama histórico da comunidade surda, destacando sua evolução desde a Antiguidade até a Idade Média.
O congresso foi uma oportunidade de aprofundar as discussões sobre a inclusão da comunidade surda e a implementação de políticas públicas que garantam mais direitos e oportunidades para esse grupo no estado de Mato Grosso.