31 de jul de 2025
11:24

Terremoto testa sistema do Japão de detecção e alerta de tsunami após tragédia de 2011

Com rede de fibra ótica, boias GPS e inteligência artificial, além de cartazes nas ruas, país elevou segurança depois de 20 mil mortos em último grande tremor

O terremoto de magnitude 8,8, ocorrido na Rússia gerou reação imediata no Japão. O alerta de tsunami desta quarta-feira (30) atingiu ferrovias, rodovias e linhas aéreas do país, no auge do verão. A televisão japonesa mostrou multidões no alto de prédios.

O que pode parecer incômodo para moradores e turistas é resultado de uma ampla reforma no sistema de detecção e aviso de ondas grandes, motivada pela experiência catastrófica com o terremoto de magnitude 9,1 e decorrente tsunami em março de 2011, quando mais de 20 mil pessoas morreram.

As ondas que atingiram a costa japonesa chegaram a 1,5 metro, sem causar danos nem feridos. Apesar de o risco de um tsunami grave não ter se confirmado depois do sexto tremor mais forte da história, o país fez valer precauções para não repetir o desastre de 14 anos atrás. Trabalhadores que atuam na remoção de resíduos radioativos na antiga usina de Fukushima, devastada em 2011, foram retirados do local após o alerta.

Depois da tragédia na década passada, a mudança mais evidente foi a ampliação do número de avisos de evacuação em locais públicos no caso de tremores com ondas gigantes. Os cartazes estão em postes ou paredes por todo o Japão, seja numa praia, na calçada de uma avenida ou dentro de um shopping. Brilham no escuro, para o caso de tsunami noturno, e indicam onde a pessoa pode se refugiar, dependendo da altitude em relação ao nível do mar .

Desde 2022, a melhoria dos sistemas de alerta e detecção incluiu a construção de uma rede submarina de monitoramento na costa leste, no Oceano Pacífico, considerada agora a melhor no mundo.

A principal rede cobre a fossa oceânica do Japão, área de atividade sísmica, onde a placa tectônica do Pacífico desliza sob a placa da Eurásia. Foram instalados 5.700 quilômetros de cabos de fibra ótica no fundo do mar.

Eles conectam cerca de 150 estações de observação, equipadas com sismômetros, acelerômetros e medidores de pressão da água, para acompanhamento em tempo real.

Segundo o governo japonês, essas estações, somadas a um sistema de monitoramento de ondas por GPS, teriam reduzido o tempo para o disparo de alerta dos 15 minutos em 2011 para 3 minutos em 2022, quando foi disparado o aviso de uma onda gerada por um terremoto de magnitude 7.4.

A instalação de outras 36 estações na área de Nankai, também a leste do Japão, só terminou no mês passado.

Outra medida foi a otimização do algoritmo do sistema de alerta, para reduzir o problema de subestimar a magnitude dos terremotos nos estágios iniciais. Incluiu a integração de dados marítimos, por exemplo, das boias GPS.

Pessoas aguardam na cobertura de um posto dos bombeiros em Hokkaido, no norte do Japão, após receberem ordem de evacuação decorrente do terremoto na Rússia.

Estas são vistas como um dos principais componentes da atualização pós-2011. Monitoram as ondas diretamente na superfície do mar, com precisão de quatro centímetros, identificando a formação do tsunami e como ele deve se espalhar. Em seguida, transmitem as informações por rádio para a Agência Meteorológica do Japão, responsável pelos alertas de tsunami.

Diversas outras ações foram implementadas, do uso de inteligência artificial para reduzir o tempo de cálculo dos dados de tsunami até os exercícios regulares de evacuação nas escolas de todo o país.

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