Da redação
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), classificou como “grave” e, ao mesmo tempo, “bom” o fato de a perícia balística da Perícia Oficial e Identificação Técnica do Estado de Mato Grosso (Politec) ter indicado que a arma utilizada na execução do advogado Renato Nery pertencia ao Estado. O parlamentar destacou que a descoberta contribui para a elucidação do crime e reforçou que não se deve proteger qualquer pessoa envolvida no caso.

Na última semana, Russi foi questionado sobre como a ALMT tem acompanhado os desdobramentos da Operação Office Crimes – A Outra Face, que investiga o assassinato de Renato Nery, ocorrido em Cuiabá. Ele ressaltou a atuação da Polícia Civil e afirmou que as investigações devem continuar até que os mandantes do crime sejam identificados e responsabilizados.
“Muito grave por um lado e bom por outro. Bom por quê? Porque está chegando aos mandantes, à elucidação desse caso. Eu fico feliz, pois a Polícia Civil apresenta solução em 90% dos crimes investigados. Confesso que esse crime me preocupava bastante. […] É um crime que já tinha um tempo e a sociedade queria uma solução. Eu fico feliz de ver os órgãos de segurança, a polícia atuando, chegando muito próximo dos mandantes”, declarou Russi durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (6).
O parlamentar enfatizou que as investigações devem atingir todos os envolvidos, independentemente de sua posição ou categoria profissional.
“Outro fator positivo, não tá passando pano para ninguém. Tem que cortar dentro da carne, tem que cortar. Se for policial, tem que cortar. Se for político, tem que cortar. Onde tiver gente envolvida com o que não é lícito, a gente tem que procurar e a Justiça tá aí para atuar, executar e fazer justiça”, afirmou.
Questionado sobre o envolvimento do cabo Wailson Alesandro Medeiros Ramos, ex-segurança do governador Mauro Mendes, Russi se limitou a dizer que a questão deve ser esclarecida por quem ordenou sua exoneração.
“Qual que é o motivo da exoneração? Eu particularmente não sei. Sobre os servidores da Assembleia eu sei os motivos. Agora, um servidor do Estado, um dia antes ou 10 dias antes, qual o motivo? Particularmente, eu não tenho conhecimento do motivo da exoneração dele. Eu acho que o secretário-chefe da Casa Civil pode dar essa explicação melhor”, respondeu.
Ligação com forças de segurança
De acordo com informações divulgadas pelo jornal A Gazeta, a perícia técnica apontou que os projéteis retirados do corpo do advogado Renato Nery eram de um lote destinado ao Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), da Polícia Militar de Mato Grosso. A pistola Glock usada no crime também pertencia às forças de segurança do Estado e foi entregue por policiais militares da Rotam seis dias após a execução do advogado, sob a justificativa de um suposto confronto policial.
Quatro militares, presos na última quinta-feira (6), teriam forjado a ocorrência e implantado a pistola na cena do confronto, atribuindo sua posse às vítimas da ação. Além disso, eles são investigados por outro caso ocorrido na mesma ocasião, que resultou em um morto e um ferido.
A chácara onde ocorreu o suposto confronto estava alugada pelo policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, que, no dia da execução de Nery, atuava no setor de inteligência do Batalhão Rotam.
O caso
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP), deflagrou mais uma fase da Operação Office Crimes – A Outra Face, que investiga o assassinato de Renato Gomes Nery. O advogado, de 72 anos, foi alvejado a tiros no dia 5 de julho do ano passado, em frente ao seu escritório, na capital. Ele chegou a ser socorrido e passou por cirurgia em um hospital particular de Cuiabá, mas não resistiu aos ferimentos.
As investigações seguem em andamento para identificar todos os envolvidos e esclarecer as motivações do crime.