14 de mar de 2025
03:41

Mato Grosso: Potência do Agro e Desafios para o Futuro

Da redação

O estado de Mato Grosso se firma cada vez mais como referência no setor agropecuário, destacando-se por sua extensa área cultivável, uso de tecnologia avançada e protagonismo na produção de commodities agrícolas. Atualmente, o estado é responsável por quase um terço da produção nacional de soja, e a safra 2024/2025 deve alcançar 46,1 milhões de toneladas — um crescimento de 17,3% em comparação ao ciclo anterior.

No entanto, apesar dos avanços, o excesso de chuvas em algumas regiões tem impactado a colheita. Em entrevista ao Agro Estadão, o governador Mauro Mendes (União Brasil/MT) compartilhou suas perspectivas para o setor e detalhou estratégias voltadas para superar desafios logísticos e fortalecer a infraestrutura, além de reforçar a importância da sustentabilidade no agronegócio.

Impactos Climáticos e Logística da Safra

Questionado sobre o andamento da safra 2024/2025, Mendes destacou que, apesar da expectativa inicial otimista, o volume excessivo de chuvas em janeiro tem dificultado a colheita da soja e pode atrasar o plantio do milho. Ele afirmou que, apesar de uma leve melhora recente, ainda há sinais de alerta devido à continuidade das chuvas.

Quanto às ações para otimizar o escoamento da produção, o governador ressaltou que o estado já atingiu 6 mil quilômetros de rodovias asfaltadas e está investindo na BR-163, cuja concessão foi adquirida após anos de paralisação. Com um investimento de R$ 1,7 milhão, as obras já começaram e 100 km foram duplicados. A meta é concluir 100% da duplicação até 2027, três anos antes do previsto. Além disso, Mendes destacou parcerias com a iniciativa privada para expandir a Ferronorte, levando trilhos ferroviários de Rondonópolis até o médio norte do estado.

Investimentos em Infraestrutura e Conectividade

O governo de Mato Grosso também avança em um amplo programa de substituição de pontes de madeira por estruturas de concreto e na recuperação de rodovias federais, como a BR-174, que está em processo de pavimentação. Outra prioridade é ampliar o acesso à conectividade 4G em 12 milhões de hectares produtivos do estado. Para isso, um programa de subsídios e parcerias com empresas do setor está em fase de estruturação e deve ser lançado até o final do primeiro semestre deste ano.

Sustentabilidade e o Futuro da Soja no Estado

Sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de suspender e revisar a constitucionalidade da Lei Estadual nº 12.709/2024, que regulamenta a Moratória da Soja — um acordo entre exportadoras para não adquirir grãos de áreas desmatadas após 2008 — Mendes defendeu o rigor do Código Florestal brasileiro. Ele enfatizou que nenhuma empresa pode desrespeitar a legislação e que o estado não concederá incentivos fiscais a quem não cumprir as normas ambientais.

Como alternativa à Moratória, o Pacto de Conformidade da Soja, que será testado em Feliz Natal (MT), busca equilibrar sustentabilidade e competitividade do setor. O governador destacou que a grande maioria dos produtores mato-grossenses atua dentro da legalidade e sem desmatamento ilegal, e que apenas uma pequena parcela infringe as regras.

Segurança no Campo e Demarcação de Terras Indígenas

Sobre a segurança no campo, Mendes reforçou o sucesso do programa Tolerância Zero contra invasões, que já impediu 50 tentativas de ocupação ilegal de terras sem sucesso. Segundo ele, a iniciativa será mantida e aprimorada para garantir segurança jurídica e tranquilidade aos produtores.

Com relação à demarcação de terras indígenas, Mendes afirmou que os povos indígenas do estado ocupam 14% do território de Mato Grosso, mas muitos vivem sem suporte adequado do governo federal. Ele citou como exemplo os povos Kalite e Parecis, que cultivam soja e milho em apenas 2% de suas terras, totalizando mais de 1,2 milhão de hectares. Para o governador, esse modelo de produção garante qualidade de vida às comunidades indígenas sem dependência excessiva de auxílios governamentais.

Conclusão

Mato Grosso segue como um dos maiores expoentes do agronegócio brasileiro, consolidando-se não apenas pela sua força produtiva, mas também pelos investimentos em infraestrutura, logística e tecnologia. Entretanto, desafios climáticos, logísticos e regulatórios continuam exigindo estratégias sólidas e uma abordagem equilibrada entre crescimento econômico e sustentabilidade.

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