Da redação
Vitória Camily Carvalho Silva, de 22 anos, assassinada a tiros pelo ex-namorado Helder Lopes de Araújo, 23, no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande (MT), havia tirado o passaporte há apenas uma semana e fazia planos para sair do país. O motivo: escapar das constantes ameaças que sofria desde o fim do relacionamento.
A irmã da vítima, Bruna Gabriely Carvalho Silva, 21, revelou que toda a família era ameaçada há meses pelo agressor. “O plano dela era ir embora, era a única forma que ela via de se livrar dele”, contou, em entrevista ao jornal A Gazeta.

O crime ocorreu na noite de sábado (15), data do aniversário de Bruna. Vitória foi até a casa da irmã para participar de uma festa surpresa, mas Helder a encontrou e disparou cerca de cinco vezes contra ela, atingindo a cabeça e o tórax. A jovem morreu no local. Segundo a irmã, o feminicida pode ter descoberto sobre a comemoração e deduzido que Vitória estaria na residência.
Tentativa de fuga e prisão
Horas após o crime, Helder foi preso pela Polícia Militar em Rondonópolis (a 215 km de Cuiabá), enquanto tentava fugir para Mato Grosso do Sul com o irmão. Ao ser levado para a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ele alegou que matou a ex-namorada por conta de um suposto aborto – versão que foi desmentida pela família e pela polícia.
A mãe de Vitória e a irmã afirmam que essa justificativa foi inventada pelo criminoso para tentar obter apoio dentro da cadeia. “Isso tudo é invenção dele para ser bem-aceito dentro da cadeia”, disse Bruna.
Histórico de ameaças e violência
Vitória e Helder tiveram um relacionamento conturbado de um ano e oito meses, marcado por ameaças e tentativas de reaproximação. Segundo Bruna, as “idas e vindas” do casal aconteciam por medo, já que Helder ameaçava Vitória e sua família.
Desde o término definitivo, há três meses, a jovem havia mudado de endereço para evitar o ex-namorado. No entanto, ele não parou de persegui-la.
Além de matar Vitória, Helder tentou disparar contra uma amiga dela, mas a arma falhou. Após cometer o crime, fugiu em um veículo Strada e, para despistar a polícia, trocou de carro durante a fuga.
O delegado responsável pelo caso, Nilson Farias, informou que Helder já tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas e, no momento da prisão, confessou ser integrante de uma facção criminosa. Ele também afirmou ter jogado a arma do crime no rio Cuiabá.
Mais uma vítima do feminicídio
Vitória é, pelo menos, a sexta mulher vítima de feminicídio em Mato Grosso somente neste ano. Nas redes sociais, amigas da jovem compartilharam prints de conversas em que ela relatava as ameaças de Helder.
O caso segue sob investigação, mas já deixa evidente a triste realidade enfrentada por muitas mulheres: ameaçadas, perseguidas e, muitas vezes, sem proteção suficiente para evitar o desfecho mais trágico.