Governo israelense violou trégua mediada pelos EUA sob alegação de que o Hamas desrespeitou o acordo ao não entregar corpo de refém
Após descumprir o cessar-fogo e lançar uma série de bombardeios na Faixa de Gaza, deixando ao menos 100 mortos, o governo de Israel anunciou nesta quarta-feira (29) a retomada da trégua mediada pelos EUA.
Os ataques mataram pelo menos 46 crianças e feriram 253 pessoas, segundo a agência de defesa civil de Gaza. Eles ocorreram horas depois do presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que nada colocaria em risco o acordo que ele ajudou a negociar. Israel alega que o Hamas violou os termos ao não entregar os restos mortais de reféns israelenses mortos em Gaza.
“De acordo com a diretriz da liderança política e após uma série de ataques, nos quais dezenas de alvos terroristas e terroristas foram atingidos, as Forças de Defesa de Israel (IDF) iniciaram a retomada da aplicação do cessar-fogo em resposta às violações do Hamas. As IDF continuarão a manter o acordo de cessar-fogo e responderão firmemente a qualquer violação dele”, afirmou o Exército israelense em comunicado.
Na terça-feira (28), Tel Aviv anunciou que o corpo de um prisioneiro transferido de Gaza pelo Hamas através do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) não correspondia a nenhum dos 13 que seriam entregues como parte do cessar-fogo.
O grupo palestino alega que precisa de mais tempo para encontrar os restos mortais, devido à extensão da destruição da infraestrutura no enclave palestino após dois anos de guerra e mais de 68 mil mortos.
A França e a Alemanha manifestaram preocupação com a nova violação do cessar-fogo. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, expressou “profunda preocupação” com a onda de ataques israelenses em Gaza.
“Apelamos a Israel para que exerça contenção militar a fim de evitar mais sofrimento”, disse ele em um comunicado do ministério, divulgado antes de uma viagem planejada para a região.
O porta-voz do governo francês, Maud Bregeon, demonstrou preocupação e afirmou que o cessar-fogo está ameaçado e precisa ser restabelecido.
“Nossa prioridade é nos integrarmos à estrutura estabelecida pelos americanos para estabilizar o enclave. Isso inclui o Centro de Coordenação Civil e Militar (CNCC), a fim de influenciar sua direção. Oficiais já estão inseridos na estrutura, com o apoio de nossos diplomatas em Tel Aviv e Jerusalém. “, disse.
