Grupo reivindica melhores condições de trabalho e destaca falhas de segurança da instituição

Funcionários do Museu do Louvre, na França, farão uma paralisação na próxima segunda-feira (15) em resposta às condições de trabalho classificadas como “degradadas”. A greve também questiona as falhas na segurança da instituição, que permitiram o roubo de joias milionárias em meados de outubro.
A paralisação foi comunicada à ministra da Cultura, Rachida Dati, por meio de carta assinada pelos sindicatos CGT (Confédération Générale du Travail), CFDT (Confédération Française Démocratique du Travail) e Sud-Cultura. Eles pedem um orçamento maior do que o apresentado ao Conselho de Administração, visando “resolver as dificuldades”.
“Visitar o Louvre se tornou um verdadeiro percurso de obstáculos. Todos os dias, os espaços do museu são fechados muito além das previsões do plano de abertura garantida, devido à falta de pessoal suficiente, além de falhas técnicas e da degradação do edifício. Ao mesmo tempo, a equipe sofre com uma carga de trabalho cada vez maior; uma gestão de RH brutal e liminares contraditórias’, diz o texto.
Entre as solicitações, os sindicatos pedem o recrutamento de novos funcionários, a reavaliação das escalas salariais, a redução da carga de trabalho e o fim imediato do modelo atual de governança piramidal e compartimentada. Exigem, ainda, que os recursos sejam utilizados na construção de melhorias e na proteção do museu, das coleções, dos funcionários e do público.
“Os vários alertas internos permaneceram sem resposta e os elementos de linguagem destilados tanto para a representação nacional quanto para a mídia pela administração do Louvre não nos permitem esperar uma consciência à altura da crise que estamos enfrentando. Esta carta equivale a um aviso de greve para 15 de dezembro de 2025 e nos dias seguintes até que as exigências sejam atendidas”, finaliza a carta.
Relembre o roubo
O crime ocorreu por volta das 9h30 da manhã (horário local) do domingo de 19 de outubro, 30 minutos após o Louvre ser aberto ao público. Os assaltantes usaram um guindaste, instalado em um caminhão, e alcançaram uma janela da Galerie d’Apollon, onde ficam expostas joias da coroa e peças da coleção de Napoleão Bonaparte.
Rachida Dati, ministra da Cultura da França, afirmou que a ação durou menos de 4 minutos e que, quando a polícia chegou ao local, os criminosos já tinham fugido. “Chegamos imediatamente, alguns minutos após recebermos a informação do roubo. A operação durou quase quatro minutos. Foi muito rápido. Temos que admitir que são profissionais”, disse ela.
Uma investigação por furto em quadrilha organizada e associação criminosa foi aberta e confiada à Brigada de Repressão ao Banditismo (BRB), sob a autoridade da Promotoria de Paris. Falando à rádio France Inter, o ministro da Justiça da França, Gérald Darmanin, admitiu falhas na segurança e lamentou que o caso possa sujar a imagem do país.
“O que é certo é que falhamos, porque alguém foi capaz de colocar um caminhão guindaste em plena luz do dia nas ruas de Paris, para que as pessoas se aproximassem por alguns minutos e levassem joias inestimáveis. Ter joias tão importantes roubadas de uma forma tão inacreditável, é claro, causa uma má impressão e também passa uma imagem muito negativa da França”, disse o ministro.
Em meio à repercussão do caso, o governo disse que fará uma revisão das medidas de segurança em instituições culturais e que reforçará a vigilância nos locais. Quatro suspeitos foram presos pelo crime.
Além do Louvre, que conta com um acervo de mais de 33 mil obras, a França tem diversos museus considerados importantes para a história da arte. Entre eles estão o Museu d’Orsay, famoso por sua coleção de obras-primas impressionistas e pós-impressionistas, e o Centro Pompidou, que concentra obras da arte moderna e contemporânea. Outro destaque é o Museu de Belas Artes de Lyon, que conta com obras de pintores como Rembrandt, Rubens, Delacroix e Monet, além de esculturas e outras peças.




