Em muitas das etnias, o artesanato é transmitido de geração para geração e usado como
ferramenta de fortalecimento da identidade indígena. A cerâmica, a cestaria, os acessórios
com miçangas e a produção de bancos de madeira, por exemplo, são a principal fonte de
renda de quatro etnias mato-grossenses.
Artistas e artesãos da etnia Mehinaku, na região do Alto Xingu, em Gaúcha do Norte, que tem
população aproximada entre 400 e 500 pessoas, divididas em quatro aldeias. No campo das
artes e da produção artesanal, os Mehinaku têm se destacado cada vez mais pela produção
de bancos, principalmente zoomórficos, que chamam de xepí, uma atividade
majoritariamente masculina.
Já as mulheres se dedicam a um sofisticado trançado em fibra de buriti e linha de algodão,
com belíssimos grafismos e desenhos. Com o trançado, confeccionam principalmente
cestos, esteiras e redes.
“Aprender a lidar com o dinheiro foi uma das formas que encontramos de manter a nossa
cultura viva. Para nós, esse processo começou ainda na década de 1990, quando nossos
líderes viram que havia interesse comercial nas peças que produzimos e, ao invés de só fazer
trocas por outras mercadorias, passamos a vender e oferecer o nosso artesanato em lojas de
grandes cidades como Brasília e São Paulo”, revela o artesão e artista Kulikyrda Mehinaku,
que nos últimos anos viu uma valorização dos trabalhos feitos por sua família.
“É por meio do fazer manual que eles têm conseguido não só manter vivas as suas tradições,
mas também têm levado educação formal para as aldeias, têm tido mais acesso à saúde e
também têm acessado bens e ferramentas que facilitam o dia a dia da aldeia, permitindo que
eles tenham mais tempo para seus afazeres tradicionais”, revela Lucas Lassen, diretor da
Paiol, marca que trabalha com produtos de cerca de 50 comunidades indígenas.
Waurá – cerâmica
Também do Xingu, os Waurá (ou Waujá) têm a produção cerâmica como uma prática milenar que considera a prática como uma metáfora da identidade Waurá, sendo uma espécie de
extensão de suas identidades. Suas panelas e potes em diversos tamanhos e formatos –
zoomorfos ou não – ganham pinturas gráficas e lúdicas feitas a partir de pigmentos naturais
como o urucum e outras plantas. Mesmo sendo consideradas obras de arte, as peças
continuam sendo utilizadas no cotidiano das aldeias.
Kayapó – acessórios
Localizados em uma região que se estende do Mato Grosso ao Pará, às margens de rios
afluentes do rio Xingu, os Kayapós têm uma população de aproximadamente 12 mil pessoas,
sendo uma das maiores etnias do país. Como o uso de roupas foi um costume adotado
apenas recentemente, eles ficaram bastante conhecidos por suas pinturas, adornos e
acessórios corporais.
A característica lhes trouxe destaque na produção de acessórios, sobretudo com miçangas.
Colares, brincos, pulseiras e outros acessórios ganham grafismos culturalmente ligados à
etnia.
Fonte: Olhar conceito