Da redação
A inflação oficial do Brasil registrou o maior avanço para fevereiro desde 2003, puxada principalmente pelo aumento na conta de luz. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,31% no último mês, 1,15 ponto percentual acima da taxa de janeiro, atingindo o nível mais elevado desde março de 2022. No acumulado de 2025, a alta chega a 1,47%, enquanto, nos últimos 12 meses, o avanço é de 5,06%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dentre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, os maiores aumentos foram observados em Educação (4,70%, com impacto de 0,28 p.p.) e Habitação (4,44%), este último responsável pela maior pressão no índice do mês (0,65 p.p.), impulsionado pelo reajuste nas tarifas de energia elétrica residencial.
Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, a disparada na conta de luz foi reflexo do fim do Bônus de Itaipu, que havia concedido descontos na fatura de janeiro. Com isso, o subitem energia elétrica residencial registrou uma forte oscilação, passando de uma queda de 14,21% em janeiro para um aumento de 16,80% em fevereiro.

Já o setor de Educação sofreu impacto dos reajustes nas mensalidades escolares, prática comum no início do ano letivo, segundo analistas.
O grupo Alimentação e Bebidas teve uma variação de 0,7% em fevereiro, menor que a registrada em janeiro (0,96%), apesar das altas expressivas de alguns produtos básicos. O ovo de galinha subiu 15,3%, impulsionado pelo aumento das exportações devido aos surtos de gripe aviária nos Estados Unidos. Já o café moído teve alta de 10,7%, reflexo das dificuldades climáticas que comprometeram a produção e reduziram a oferta no mercado.
O economista Emanuel Daubian avalia que a condução econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem influenciado o aumento dos preços no Brasil e no mundo. A política protecionista e a imposição de tarifas para fortalecer a indústria norte-americana geram impactos diretos nos custos de importação e nas despesas operacionais dos produtores brasileiros.
No entanto, a expectativa dos especialistas é de uma gradual normalização da inflação de alimentos, à medida que a safra brasileira ganha espaço no mercado internacional, ajudando a equilibrar a oferta e os preços internos.