Da redação
O avanço da dengue e da chikungunya tem sobrecarregado o sistema de saúde público e privado em Cuiabá, enquanto a batalha contra o Aedes aegypti enfrenta um obstáculo persistente: a conscientização da população. De cada 10 casas vistoriadas pelos agentes de endemias, nove apresentam criadouros do mosquito, tornando o combate ainda mais desafiador.
A capital mato-grossense registra um aumento alarmante nos casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A média semanal de notificações de dengue cresceu 258% em 2025, saltando de 41 para quase 150 casos. Já a chikungunya teve um crescimento ainda mais expressivo: de apenas quatro casos semanais no mesmo período de 2024, o município passou a registrar, em média, 308 casos semanais neste ano — um aumento de quase 8.000%. No total, até o momento, já foram notificados cerca de 880 casos de dengue e 1.850 de chikungunya na cidade.

Na quinta-feira (13), a equipe do jornal A Gazeta acompanhou o trabalho de vistoria dos agentes de endemias no bairro Goiabeiras, região oeste de Cuiabá. A inspeção, conduzida por Nathan Espindula Beuter e Kamilly Freitas, integra o primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) do ano.
Logo pela manhã, os agentes visitaram a residência de José Ulisses Montavani, de 68 anos, que há 24 anos mora no bairro. Ele e a esposa, mesmo adotando cuidados para evitar as doenças, contraíram dengue e chikungunya há quatro meses. Durante a vistoria, os agentes identificaram focos do mosquito em dois ralos da casa, um deles contendo larvas.
“É por isso que é importante que as pessoas permitam nossa vistoria, porque, por vezes, locais como esse passam despercebidos”, ressaltou o agente Nathan. Ele orientou o casal a usar água sanitária ou pedras de cloro nos ralos para eliminar possíveis larvas.
José Ulisses reconheceu a importância da ação e prometeu adotar a recomendação. “Agora, com a orientação, vamos colocar a pedra de cloro. É importante essa vistoria e orientação”, afirmou.
Conscientização é essencial
A presença do Aedes aegypti em 90% das casas vistoriadas reflete um desafio crítico no combate à dengue e à chikungunya: a necessidade da participação ativa da população. Pequenos descuidos, como água acumulada em ralos, vasos de plantas e caixas d’água abertas, tornam-se potenciais criadouros do mosquito e ampliam a crise de saúde.
Com o aumento expressivo dos casos, os agentes de endemias seguem na linha de frente, trabalhando para eliminar criadouros e reforçar a conscientização. Cada visita é uma oportunidade de prevenção, mas, sem a colaboração da população, o Aedes aegypti continuará se multiplicando e sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde.