26 de ago de 2025
15:05

Capitã Izadora Ledur é absolvida em julgamento por maus-tratos contra aluno em treinamento dos Bombeiros

Da redação

A capitã do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Izadora Ledur de Souza Dechamps, foi absolvida nesta sexta-feira (7) pela 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar, em julgamento que analisou sua responsabilidade em supostos maus-tratos contra o aluno Maurício Júnior dos Santos durante um treinamento realizado em 2016, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. A decisão foi tomada por maioria de votos dos juízes militares, que consideraram que não havia provas suficientes para a condenação.

O caso teve grande repercussão por suas semelhanças com a morte de Rodrigo Claro, outro aluno que faleceu após um treinamento conduzido por Ledur no mesmo período.

Decisão judicial e argumentos da defesa

O julgamento, que havia sido adiado diversas vezes, finalmente ocorreu nesta sexta-feira à tarde. A defesa da capitã, representada pelo advogado Huendel Rolim, sustentou que não há provas de que Maurício foi exposto a perigo de vida e, portanto, a acusação de maus-tratos não se sustentava. O advogado ainda questionou a credibilidade do relato do aluno, apontando que ele só prestou depoimento em novembro de 2016, meses após o treinamento, e depois da morte de Rodrigo Claro. Segundo Rolim, Maurício teria denunciado a capitã para gerar “mídia e pressão”.

O juiz Moacir Rogério Tortato discordou da defesa e avaliou que Izadora Ledur deveria ser condenada a dois meses de detenção, em regime aberto, por maus-tratos. No entanto, ele reconheceu que o crime já estava prescrito. Mesmo assim, os juízes militares optaram por absolvição por maioria de votos, concluindo que não havia provas suficientes para a condenação.

Relembre o caso

Segundo os autos do processo, o treinamento realizado em fevereiro de 2016 incluía uma série de exercícios físicos, encerrando com a travessia da Lagoa Trevisan. Durante essa travessia, o aluno Maurício Júnior dos Santos começou a sentir câimbras e recebeu apoio de colegas e de um oficial, que lhe entregou uma boia ecológica. No entanto, a capitã Izadora Ledur, que liderava a atividade, determinou que os demais alunos seguissem sem ajudá-lo.

De acordo com o relato da vítima, a capitã iniciou uma sessão de afogamento como forma de castigo pessoal, utilizando uma corda de lifebelt para amarrar o braço e a perna de Maurício e submergi-lo repetidamente na água. Em desespero, ele teria ingerido uma grande quantidade de água e implorado para que a militar parasse. Contudo, Ledur teria respondido de forma agressiva e só interrompeu a ação quando Maurício perdeu a consciência.

Quando recobrou os sentidos na margem da lagoa, o aluno vomitava muita água e estava exausto, mas mesmo assim, segundo os autos, a capitã insistia para que ele voltasse à água. Temendo por sua vida e com fortes dores de cabeça, ele se recusou.

O episódio ganhou ainda mais notoriedade após a morte de Rodrigo Claro, outro aluno que passou por um treinamento semelhante com Ledur e faleceu pouco tempo depois. O caso gerou protestos e pressionou a Justiça Militar a avaliar a conduta da capitã.

Com a decisão desta sexta-feira, Ledur não enfrentará punições pelo caso de Maurício Júnior dos Santos. No entanto, o caso continua gerando discussões sobre os limites dos treinamentos militares e a responsabilização de oficiais por abusos cometidos durante essas atividades.

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