Da redação
A transição de governo em Várzea Grande, município de Mato Grosso, trouxe à tona uma crise administrativa deixada pela gestão do ex-prefeito Kalil Baracat (MDB). Nos últimos dias de seu mandato, Baracat concedeu férias a mais de 1.300 servidores municipais e exonerou outros 600 profissionais, impactando diretamente setores essenciais como saúde e educação. A decisão, tomada entre os dias 29 e 31 de dezembro de 2024, gerou questionamentos sobre sua legalidade e os danos à continuidade dos serviços públicos.

De acordo com um levantamento do jornal A Gazeta, a nova gestão da prefeita Flávia Moretti (PL) iniciou o mandato enfrentando a ausência de cerca de 2 mil servidores. As férias, autorizadas nos últimos dias de dezembro, atingiram principalmente a Secretaria Municipal de Educação, com 1.150 profissionais afastados, e a Secretaria Municipal de Saúde, que perdeu temporariamente 157 trabalhadores, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos. Outras áreas, como assistência social e meio ambiente, também foram afetadas.
Colapso no sistema de saúde
O setor de saúde, já fragilizado, foi um dos mais prejudicados. Entre os 157 servidores afastados, estavam 45 médicos, 59 enfermeiros e técnicos em enfermagem e 9 odontólogos. A ausência desses profissionais interrompeu serviços essenciais, resultando no redirecionamento de pacientes para Cuiabá.
A crise foi agravada pela suspensão de pagamentos de férias e benefícios, que levou a uma redução de 50% nos salários dos trabalhadores da saúde. Esse cenário desencadeou uma onda de pedidos de demissão, gerando impacto direto no Hospital São Lucas. A maternidade Rede Cegonha, por exemplo, teve seus serviços paralisados, expondo gestantes a riscos e obrigando transferências para outras unidades.
Diogo Sampaio, presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), criticou duramente a gestão de Kalil Baracat, classificando as ações como “irresponsabilidade política”. Ele anunciou que o Conselho tomaria medidas para responsabilizar os envolvidos pelo colapso no sistema de saúde local.
Desafios para a nova gestão
A prefeita Flávia Moretti assumiu o cargo enfrentando não apenas o desafio de recompor a força de trabalho, mas também de reestabelecer a confiança nos serviços públicos. Com a ausência de quase 2 mil servidores, a continuidade do atendimento em setores vitais, como saúde e educação, se tornou uma prioridade urgente para a nova administração.
As decisões tomadas no apagar das luzes da gestão Kalil Baracat colocam a máquina pública de Várzea Grande em um estado de crise, obrigando a nova gestão a buscar soluções rápidas e eficazes para minimizar os impactos na população.