14 de mar de 2025
14:17

Abusos e assédio psicológico marcam fim de mandato de Zé do Pátio

Da redação  

Ao fim do mandato do prefeito Zé do Pátio, em Rondonópolis (a 215 km de Cuiabá), servidores públicos têm denunciado uma série de abusos cometidos dentro das secretarias municipais, que resultaram em graves problemas de saúde entre os trabalhadores. Entre as vítimas, há relatos de gastrite, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, e até mesmo de síndrome de burnout, um quadro de exaustão emocional extrema.

Um dos casos que ganhou maior repercussão nas redes sociais este ano envolveu uma jornalista do Gabinete de Comunicação da Prefeitura, que foi alvo de assédio moral e bullying por parte de colegas da Assessoria de Imprensa. A situação escalou dramaticamente em outubro de 2023, quando um dos jornalistas da equipe avançou fisicamente sobre a colega. O ataque só foi contido graças à intervenção de um superior, mas o gestor responsável pela equipe nada fez além de pedir “calma” em meio aos gritos e barulhos do incidente. Surpreendentemente, o agressor não recebeu qualquer tipo de advertência.

Desamparada, a jornalista procurou a Delegacia da Mulher e registrou boletim de ocorrência. Apesar de o caso ter sido amplamente divulgado pela imprensa, a gestão de Zé do Pátio permaneceu em silêncio e não tomou providências para apurar o episódio de violência no ambiente de trabalho.

O abuso contra a jornalista não se limitou a essa agressão física. O problema ganhou proporções ainda mais graves quando o assédio se materializou em práticas de plágio dentro da equipe. Em 2022, o jornalista acusado de agressão copiou, de forma integral, uma matéria escrita pela jornalista sobre o “Dia do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” e a publicou com um título alterado, assinando o texto como se fosse de sua autoria. No ano seguinte, outra servidora cometeu ato similar ao plagiar uma matéria sobre o programa de refinanciamento de dívidas (Refis), substituindo apenas o título e se apropriando do trabalho da colega.

Quando a jornalista denunciou o plágio internamente, a Secretaria de Gestão de Pessoas, que deveria investigar a prática, se mostrou omissa. Em vez de adotar uma postura ética, a gestão optou por proteger os transgressores e minimizar a gravidade do crime de apropriação intelectual. Para tentar disfarçar o ocorrido, a plagiadora se utilizou de uma artifício nas redes sociais, publicando uma mensagem no Instagram, em que apelidava o plágio de “suíte” (termo usado para indicar uma sequência de matérias), argumentando que esse tipo de prática seria aceitável em assessorias de imprensa.

A jornalista, indignada com a situação e as ameaças constantes por parte de membros da equipe, procurou o Ministério Público, que acolheu a denúncia contra a servidora plagiadora. No entanto, o desgaste emocional provocado por anos de assédio contínuo resultou em um diagnóstico de síndrome de burnout para a profissional.

Este caso é apenas uma das muitas situações de abuso e violência psicológica que marcaram a gestão de Zé do Pátio. Entre os servidores da Prefeitura de Rondonópolis, há uma sensação generalizada de medo e impotência, pois muitos temem represálias ao expor publicamente os abusos. O ambiente de trabalho, conforme relatado por diversos funcionários, é permeado por uma cultura de intimidação, que torna difícil para os servidores denunciarem as condições de assédio e violência.

Os dois mandatos do prefeito Zé do Pátio, ao longo de oito anos, deixam como legado um quadro alarmante de servidores com a saúde física e mental debilitada. A falta de ação da gestão diante das denúncias e a ausência de um ambiente de trabalho saudável levantam sérias questões sobre a gestão pública na cidade e a necessidade de mudanças urgentes para garantir um tratamento digno e respeitoso para os servidores municipais.

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